segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Jongo na Fazenda Santo Antonio da Cachoeira - Formoso - São José do Barreiro - SP"

"Ainda na década de 50, um aviso era transmitido pelas redondezas: a festa do "jongo" estava próxima de acontecer na Fazenda "Cachoeira" do Ilustre, sisudo, severo, mas hospitaleiro "Dotô Luiz", ancião de "zóio de boneca", como o risonho Juvená a ele se referia.
A Família Maia e empregados logo se apressam na cozinha. Doces, queijos, compotas, bolos de fubá em quantidade, carne de porco, etc..., são preparados, com conhecido cuidado!
"Dotô Luiz", acompanha a lida com as éguas e jumentas no terreiro de baixo. Juvená, Artur, chico Barbosa, e o inesquecível "Zé Campeiro", apartam os animais, sob o olhar vigilante do "Venerável ancião".
Enquanto isso, o terreiro nos fundos do sobradão é preparado para a festa.
Lenha e mais lenha é amontoada, de forma segura, para a queima durante a jornada tardia do Jongo.
Já noite, a família Maia se debruçava nos janelões da casa sede, à espera dos "Formosenses" e jongueiros, estes vindos de distantes lugares.
Dona Elisa, Carmem, Elisinha, Lourdes, Luizinho,kito, Antoninho, e varios hóspedes, entre eles este que narra o evento, se entreolham preocupados: Será que não virão os convidados!
Não se fazem esperar, um a um, em longa fileira, cada um com uma tocha na mão, os convidados se mostram na curva da estrada!
A festa tem início. Tambores, violas e violões, soam ao ritmo do "Jongo" Africano.
Danças as mais variadas são vistas ao redor da fogueira que lança sua chama até apreciável altura.
O aguardente roda entre os presentes, assim como as iguarias são servidas, em profusão.
"Juvená", de paletó e gravata, mas descalço, se aproxima do janelão onde "Dotô Luiz", fazendeiro de "zóio de boneca", a tudo acompanha.
Altaneiro, respeitoso, "Juvená", em nome de todos, agradece a acolhida e a possibilidade de se mostrarem com suas danças e músicas de ritmos africanos e também regionais.
Apesar de alcoolizados, nenhuma rixa ou desentendimento se vê entre os presentes!
Todos se divertem com a trabalhadeira dos familiares do anfitrião, se dedicando a mais preparar comida para os convidados!
E como comem e bebem!
E como dançam e cantam!
Até o alvorecer a festa continua!
Muitos, cansados, dormem ao relento, aguardando o momento do café ralo da manhã, junto com a rapadura que o acompanha!
Ao final, fogueira extinta, comida e bebida acabadas, os últimos convidados abandonam a hospitaleira Fazenda, trocando idéias sobre a festa do ano vindouro!
Cansada, mas Feliz, a Família Maia se entrega ao sono merecido!"

Esta crônica foi redigida aos 76 anos de vida do Exmo Dr C. O. de A. C. que a tudo isso relatado, viu e viveu, e até hoje conta com muito sentimento!

Trilha da Independência 2012 - Ceia dos Bandeirantes