quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Projeto Rio Sesmaria - Diagnóstico Participativo

Projeto Rio Sesmaria - Observações e próximos passos após a Semana de Mobilização: Produção rural, serviços ambientais, cidades e campos

Um antigo presidente dos Estados Unidos afirmou que “se as cidades desaparecerem os campos permanecerão e as cidades serão reconstruídas, mas se os campos desaparecem, as cidades acabam”. A famosa frase teve sua atualidade renovada durante a “Semana de Mobilização – troca de conhecimentos, informações e sentimentos sobre a região dos rios Sesmaria, Formoso e afluentes”. Realizada de 10 a 18 de outubro, a serie de reuniões possibilitou o encontro de mais de uma centena de moradores, proprietários e instituições que atuam na bacia do Rio Sesmaria, impulsionados por um objetivo comum: Compartilhar seu conhecimento sobre a própria região, identificar problemas e propor soluções.

Durante esse período realizaram-se dinâmicas participativas variadas, adaptadas a cada segmento e tema. Os assuntos trabalhados incluíram a história da região, contada por estudiosos e por moradores mais antigos, a produção rural, a elaboração de mapas comunitários e a visualização da importância e efetividade das diversas instituições atuantes na área.
Ao longo das atividades foram identificados diversos aspectos fundamentais para a melhoria da qualidade de vida dos moradores e produtores, como a condição das estradas, a informação sobre técnicas e oportunidades de negócios para a produção rural, a proteção de nascentes e o fortalecimento do mercado de consumo local – de bens e de serviços, inclusive vinculados ao turismo.

Em São José do Barreiro o baixo preço do leite pago ao produtor e os limites impostos pela legislação ambiental foram citados como elementos que dificultam a vida rural. A redução do volume de água de rios e nascentes também foi observado como um fenômeno geral e vários proprietários informaram, com orgulho, estarem protegendo suas nascentes mantendo o entorno das mesmas arborizado.


Em Resende a grande preocupação é relacionada às enchentes do Rio Sesmaria. A equipe do projeto reiterou que o diagnóstico permitirá definir as ações necessárias para o equilíbrio ambiental da bacia e que, na medida em que tais ações forem implantadas, estas poderão contribuir, a médio e longo prazo, para aumentar a capacidade de infiltração da água das chuvas e reduzir o assoreamento do rio. Consequentemente, a perspectiva é criar condições para que, no futuro, a intensidade e os efeitos das cheias repentinas no espaço urbano sejam reduzidos.

Entre as próximas etapas do projeto estão a definição de temas para realização de mini cursos de interesse dos produtores rurais e a seleção de proprietários que desejem promover restauração florestal em parte de seus terrenos através do plantio de árvores nativas. As áreas a serem reflorestadas são demonstrativas e totalizam quatro hectares, sendo dois em cada município.

Outro benefício do projeto voltado ao produtor rural é a elaboração de um plano de desenvolvimento sustentável para duas propriedades a serem identificadas. O plano, embora específico para cada propriedade selecionada, também será uma referência aplicável a outras áreas. A proposta é oferecer um exemplo que demonstre ser possível aumentar a produtividade rural e ao mesmo tempo criar melhores condições de equilíbrio ambiental, gerando benefícios econômicos e ambientais para o produtor e a sociedade.

Serviços ambientais

As novas legislações sobre o pagamento de serviços ambientais, com a sigla PSA, possibilitam remuneração a proprietários rurais que realizam, por iniciativa própria, atividades de recuperação ou proteção de florestas. O conceito se baseia no entendimento de que o meio ambiente sadio possui valor econômico e que a proteção de recursos como água, biodiversidade, regulação do clima e outros precisa ser estimulada por meio da remuneração do produtor rural. Alguns modelos levam em conta o manejo de toda a propriedade, incluindo a estrutura de produção, além da coleta, tratamento e aproveitamento de lixo e esgoto. Outros, apenas contabilizam florestas protegidas ou em regeneração.

As novas leis têm mobilizado e incentivado a preservação e o plantio de matas, mas por ser o PSA uma proposta nova sua aplicação ainda não tem o alcance necessário. No entanto, a tendência que se observa é a ampliação do benefício e o aumento dos recursos disponíveis, para o bem do produtor rural, da sociedade e do meio ambiente. Cidades e campos agradecem.
(texto de Luis Felipe - ONG Crescente Fértil)

Fonte: http://crescentefertil.org.br/projetoriosesmaria/site/index.php/observacoes-e-proximos-passos-apos-a-semana-de-mobilizacao-producao-rural-servicos-ambientais-cidades-e-campos/

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Projeto Sesmaria - " O lugar onde eu moro"

O lugar onde moro”

Um novo grupo de 20 pessoas, mas com alguns participantes da reunião anterior, também reuniu-se no final do dia, na Escola Municipal de Educação Infantil Matheus Andrade, ao lado da Praça de Formoso. O método utilizado para esse encontro foi a elaboração coletiva de um mapa que represente a visualização espacial da bacia hidrográfica, segundo o olhar dos moradores presentes.
Após esclarecer o significado de bacia hidrográfica, o agrônomo Marcos Jota iniciou o desenho do mapa na grande folha estendida no piso da creche e logo em seguida os participantes deram continuidade ao desenho. Na medida em que os rios da região foram desenhados outros elementos iam sendo incluídos no mapa: nascentes, cachoeiras, matas, fazendas, pontes e outras referências.
A necessidade de resgatar a produção rural foi tema de discussão, tendo como estímulo informação adicional sobre a nova lei que obriga a compra de pelo menos 30% dos alimentos de merenda escolar na agricultura familiar da própria região. A perspectiva de asfaltamento da RJ-161 também foi mencionada como fator que poderá aquecer a economia, mas que também demandará preparo adequado e prestação de serviços diferenciados e típicos da cultura local para propiciar um turismo de qualidade. A importância da informação e do apoio técnico ao produtor rural também foi muito lembrada.
Ao final, a equipe do projeto informou que em breve será iniciado o processo de seleção de áreas para reflorestamento, totalizando quatro hectares, além do planejamento conservacionista de duas propriedades.
A Semana de Mobilização prossegue até dia 18, conforme programação completa disponível em http://crescentefertil.org.br/projetoriosesmaria/site/index.php/equipe-do-projeto-inicia-distribuicao-de-convites-para-a-semana-de-mobilizacao/


Moradores de Formoso constroem a "Linha do tempo"

Moradores de Formoso, em São José do Barreiro, se reuniram ontem (16/10) à tarde no Hotel Fazenda Clube dos 200 para um exercício de história oral da região. A dinâmica possibilitou a construção coletiva de um painel com a representação gráfica dos fatos mais marcantes desde 1885, nos tempos da Fazenda Formoso.

Alguns depoimentos dos moradores mais antigos presentes traduzem especialmente bem a cultura rural e confirmam as teses de mudança do clima e da redução do volume de água de rios e nascentes: “Antigamente tinha a natureza do tempo, seca no tempo do frio e chuva no tempo do calor, mas agora a gente sente o sol muito mais quente do que há um tempo atrás. E no tempo do calor não chove. Antes, a partir de setembro chovia todo dia. Agora chove muito menos. Mas o turma de hoje não aguenta trabalhar no sol como “nós” aguentava. Peixe, não tem mais nada. Hoje, das árvores antigas só acha canjarana, cedro, ipê… Canela parda, nem preta, não tem mais não… Agora as matas estão voltando mas a água tá secando. Pode ser a braquiária porque ela seca a terra, onde tem brejo e se planta braquiária, o brejo acaba. Bambu também seca a terra“.

A menor disponibilidade de mão de obra foi citada como dificultador das atividades locais, uma vez que muitos moradores tem ido trabalhar em Resende e outras cidades do Vale do Paraíba.
Os depoimentos e eventos marcantes ocorridos ao longo do tempo, lembrados pelos participantes, foram registrados pela equipe de sistematização do projeto a fim de integrar o diagnóstico e subsidiar a elaboração de diretrizes para a melhoria das condições ambientais da bacia hidrográfica.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Turma Curso Turismo Rural 2012

"Eu não posso ensinar nada a ninguém, eu só posso fazê-lo pensar"

domingo, 14 de outubro de 2012

Tudo isto aqui já foi café

" Já ouvi que no Vale Histórico o verbo ser se conjuga somente no passado: "Tudo isso aqui já foi café" exclama o neto pobre, num gesto largo que abrange a paisagem nua e erodida. Do passado, ele herdou apenas o nome de família e as recordações - por ouvir dizer - de uma riqueza tão fugaz que começou com seus bisavós, mas nem chegou a ele. [...] Em pouco mais de meio século, no curto espaço de três gerações, aquelas fortunas fora acumuladas, partilhadas a mercê de casamentos e mortes, entre centenares de herdeiros, e acabaram pulverizadas e dispersadas, tanto quanto aos remanescentes das grandes famílias pioneiras que as haviam criado. [...] O alvorecer do novo século encontrou fortunas e famílias já dispersadas; o véu opaco da decadência descera sobre as fazendas e as cidades daquele fundo do Vale, como uma cortina de teatro dando por encerrado o espetáculo feérico e opulento, montado em torno da corte do Rei Café. "

Luiz de Almeida nogueira Porto, "Tudo isto aqui já foi café"

Nos dias de hoje costumo ouvir dizer que nova realeza desponta entre os mares de morros neste Vale: o Turismo Histórico. 
Que aos poucos vem ajudando no redescobrimento de tais nobres terras tão injustamente esquecidas em consequência dos novos tempos. 
 Vale Histórico Paulista! O Brasil se desenvolveu trilhando suas terras!!  Um cenário que ainda respira os ares do seculo XVIII.
Vale a pena conhecer o Vale!!!


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

"Jongo na Fazenda Santo Antonio da Cachoeira - Formoso - São José do Barreiro - SP"

"Ainda na década de 50, um aviso era transmitido pelas redondezas: a festa do "jongo" estava próxima de acontecer na Fazenda "Cachoeira" do Ilustre, sisudo, severo, mas hospitaleiro "Dotô Luiz", ancião de "zóio de boneca", como o risonho Juvená a ele se referia.
A Família Maia e empregados logo se apressam na cozinha. Doces, queijos, compotas, bolos de fubá em quantidade, carne de porco, etc..., são preparados, com conhecido cuidado!
"Dotô Luiz", acompanha a lida com as éguas e jumentas no terreiro de baixo. Juvená, Artur, chico Barbosa, e o inesquecível "Zé Campeiro", apartam os animais, sob o olhar vigilante do "Venerável ancião".
Enquanto isso, o terreiro nos fundos do sobradão é preparado para a festa.
Lenha e mais lenha é amontoada, de forma segura, para a queima durante a jornada tardia do Jongo.
Já noite, a família Maia se debruçava nos janelões da casa sede, à espera dos "Formosenses" e jongueiros, estes vindos de distantes lugares.
Dona Elisa, Carmem, Elisinha, Lourdes, Luizinho,kito, Antoninho, e varios hóspedes, entre eles este que narra o evento, se entreolham preocupados: Será que não virão os convidados!
Não se fazem esperar, um a um, em longa fileira, cada um com uma tocha na mão, os convidados se mostram na curva da estrada!
A festa tem início. Tambores, violas e violões, soam ao ritmo do "Jongo" Africano.
Danças as mais variadas são vistas ao redor da fogueira que lança sua chama até apreciável altura.
O aguardente roda entre os presentes, assim como as iguarias são servidas, em profusão.
"Juvená", de paletó e gravata, mas descalço, se aproxima do janelão onde "Dotô Luiz", fazendeiro de "zóio de boneca", a tudo acompanha.
Altaneiro, respeitoso, "Juvená", em nome de todos, agradece a acolhida e a possibilidade de se mostrarem com suas danças e músicas de ritmos africanos e também regionais.
Apesar de alcoolizados, nenhuma rixa ou desentendimento se vê entre os presentes!
Todos se divertem com a trabalhadeira dos familiares do anfitrião, se dedicando a mais preparar comida para os convidados!
E como comem e bebem!
E como dançam e cantam!
Até o alvorecer a festa continua!
Muitos, cansados, dormem ao relento, aguardando o momento do café ralo da manhã, junto com a rapadura que o acompanha!
Ao final, fogueira extinta, comida e bebida acabadas, os últimos convidados abandonam a hospitaleira Fazenda, trocando idéias sobre a festa do ano vindouro!
Cansada, mas Feliz, a Família Maia se entrega ao sono merecido!"

Esta crônica foi redigida aos 76 anos de vida do Exmo Dr C. O. de A. C. que a tudo isso relatado, viu e viveu, e até hoje conta com muito sentimento!

Trilha da Independência 2012 - Ceia dos Bandeirantes